Em São Paulo, o cenário da comunicação financeira nas redes sociais evidencia uma transformação rápida e articulada. O mercado de criadores de conteúdo voltados à educação e orientação de finanças pessoais e investimentos tem apresentado crescimento expressivo e captado atenção de entidades reguladoras e do público. A expansão desse segmento digital coloca em evidência a necessidade de critérios mais rígidos, visando maior credibilidade e segurança para os seguidores.
No levantamento mais recente, verificou-se que o número de perfis ligados a finanças pessoais aumentou em ritmo acelerado no último semestre. Fatores como diversificação de plataformas, crescimento do engajamento e incremento no volume de publicações contribuíram para esse ambiente de efervescência. Apesar da elevação quantitativa, existe um alerta em torno da profundidade dos conteúdos: a maioria ainda adota abordagem mais leve, com pouco foco em análise técnica ou no detalhamento de riscos e regulamentações.
Brasília e outras capitais acompanham esse movimento com atenção, uma vez que o valor da audiência dessas redes mostrou aumento significativo. A média de interações por publicação também subiu, o que reforça a tese de que o público não apenas consome, mas também se engaja de modo mais ativo. Esse contexto impõe a quem produz conteúdo uma postura mais estruturada, tanto em termos de linguagem como de autoridade temática.
Entretanto, junto ao crescimento chega a necessidade de regulação e qualificação. A ANBIMA destaca a falta de certificação formal entre muitos desses perfis, além da predominância masculina entre os produtores de conteúdo, o que acende o debate sobre representatividade e diversidade. Esse pano de fundo está estimulando a iniciativa de criar filtros ou selos de qualidade para esses criadores, a fim de assegurar que informações sensíveis do universo financeiro sejam transmitidas de forma responsável.
O aprofundamento da regulação vem em um momento em que o público investidor digital se torna mais experiente e exigente. A conexão entre criar comunidade online, educar sobre finanças e influenciar decisões de aplicação exige que os criadores assumam papéis de curadoria e de explicadores de cenário — não apenas divulgadores de mensagens superficiais. A ampliação das exigências de transparência — incluindo referências a qualificações, vínculo com instituições financeiras e alerta para riscos — passa a ser um imperativo.
Em um ponto de inflexão desse setor está a mudança de estratégia dos próprios criadores: menos volume e mais foco em conteúdo relevante e com repercussão. Mesmo com o aumento de perfis, a média de publicações por influenciador caiu, o que indica uma busca por impacto qualitativo ao invés de mera presença constante. Isso pode sinalizar amadurecimento do ecossistema e maior profissionalização da atuação desses agentes.
Para as instituições financeiras e territoriais, como Brasília ou São Paulo, esse movimento exige atenção nas comunicações com os clientes e no entendimento de que o consumidor de conteúdo financeiro vai além do entretenimento: espera-se informação relevante, com clareza e responsabilidade. Nesse sentido, a iniciativa de certificação — e eventual obrigatoriedade de selo por entidades autorreguladoras — surge como resposta à condição de mercado que cresce com rapidez, mas exige maturidade.
Por fim, a paisagem se redesenha: o que antes podia passar como simples conteúdo de finanças nas redes sociais agora ganha status de segmento profissionalizado, em que a credibilidade, a transparência e a qualificação não são apenas diferenciais, mas requisitos. A regulação acordada com agentes como a ANBIMA reflete essa nova fase — e mostra que o ciclo de crescimento acelerado demanda estruturação, tanto por quem cria quanto por quem consome.
Autor: Dmitry Petrov